sexta-feira, 9 de março de 2012

Nova classe média será mão de obra mais qualificada para indústria


A chamada nova classe média (com renda familiar entre R$ 1,2 mil e R$ 5,3 mil) fornecerá força de trabalho mais qualificada para o desenvolvimento industrial nos próximos anos. A expectativa é alimentada por uma análise sobre a demanda por educação profissional divulgada hoje (8), em Brasília, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

De acordo com a avaliação, baseada nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - pesquisas mensais de emprego (PME), de 2002 a 2010, e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2007) -, são os jovens da classe média que alimentam a expansão de quase 77% no número de pessoas que declararam “frequentar” ou “ter frequentado” cursos de educação profissional (qualificação de 200 até 400 horas, ensino médio técnico ou curso superior de tecnólogo) entre 2004 e 2010.

Em seis anos, o percentual de quem declarou formação em educação profissional passou de 14,03% para 24,81%, segundo aponta a análise. O maior contingente é de jovens, especialmente os adolescentes de 15 anos, que representam 10% do total de pessoas que frequentam ou frequentaram educação profissional.

Entre as pessoas de 15 a 29 anos que declararam frequentar a educação profissional, o maior percentual é na classe C (8%), que também aponta a maior demanda por cursos profissionalizantes na área industrial.

Para o economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV, a procura dos jovens da classe C pela educação profissional indica que a ascensão do estrato na última década terá sustentabilidade. “Não é sonho de uma noite verão”, afirma.

Para ele, não é possível dizer que a mobilidade é movida meramente por aumento do acesso ao crédito e maior consumo desse segmento da população. “Há claro paralelo entre a ascensão da nova classe média (ou classe C) e a profusão de carteiras de trabalho e cursos profissionalizantes”, defende.

Na opinião de Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia do Senai, o ingresso desses jovens deverá dar “lastro” ao crescimento do setor industrial nos próximos anos. A expectativa do executivo é que os onze principais setores industriais brasileiros totalizem US$ 648 bilhões de investimento entre 2011 e 2015.

O Senai promete até 2014 ampliar sua rede de escolas técnicas e cursos profissionalizantes de 2,4 milhões de matrículas para 4 milhões. Para isso, contará com empréstimo de R$ 1,5 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Apesar da boa perspectiva, a análise dos dados aponta que mais de três quartos da população nunca frequentou educação profissionalizante, quase 70% por falta de interesse. Além disso, a pesquisa verifica que 8% dos que iniciaram algum curso profissionalizante não concluíram.

A maioria porque deixou de ter interesse pelo curso no qual estavam inscritos. Entre os que concluem, mais de 37% não conseguem trabalhar na área. Os cursos profissionalizantes no Brasil são oferecidos pela rede pública, pela rede privada, pelo Senai e por organizações não governamentais.

Na avaliação de Marcelo Neri, a baixa procura por cursos profissionalizantes tem a ver com a falta de informação e a má qualidade das escolas brasileiras. “A baixa qualidade da educação básica no Brasil influencia a demanda pela educação profissional”, diz o economista que assinala que a educação profissional resulta em um ganho médio de 15%.

Rafael Lucchesi lembra que cerca de 9 milhões de alunos estão matriculados no ensino médio no Brasil, mas apenas 1 milhão faz o ensino médico técnico (complementar) e apenas 6 milhões ingressam no nível superior. “Poucos países tem uma distribuição tão ruim para a matriz do trabalho”, ressalta.
Fonte: Todos pela Educação

domingo, 4 de março de 2012

Senai terá crédito de R$ 1,5 bi do BNDES


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a concessão de um financiamento de R$ 1,5 bilhão ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O recurso será investido pela instituição em programas de treinamento e qualificação profissional para ampliar a oferta de mão de obra qualificada no País, um dos principais gargalos da economia.

O financiamento corresponde a 74% dos investimentos do Programa Senai para a Competitividade Industrial, que pretende ampliar de 2,1 milhões para 4 milhões o número dematrículas na Educação profissional até 2015.

Na área de serviços técnicos e tecnológicos, a intenção é mais do que dobrar os contratos de prestação de serviços, chegando a 283 mil em 2015.

A instituição de Educação profissional é ligada ao Sistema S, que recebe recursos oriundos da contribuição compulsória de 2,5% sobre a folha de pagamento das indústrias.

O chefe do Departamento de Operações Sociais do BNDES, Henrique Rogério da Silva, explica que a operação é um empréstimo aprovado no âmbito do Programa BNDES Qualificação, criado para contribuir com a diretriz do Plano Brasil Maior para a redução da escassez de mão de obra.

O crédito aprovado para o Senai é o primeiro do programa, que tem um orçamento de R$ 3 bilhões disponíveis para desembolsos até abril de 2013, com possibilidade de ampliação. Nesse programa, o BNDES oferece empréstimos com prazo de até 15 anos, incluindo carência, e taxas compostas por TJLP (6% ao ano) e custos financeiros nos segmentos investimento e inovação.

Novos centros. Os recursos do BNDES serão aplicados, principalmente, nas obras de infraestrutura e modernização da rede nacional de Escolas técnicas e centros de referência do Senai, além de criar uma nova categoria de centros tecnológicos voltados para o fomento de pesquisa e desenvolvimento. A instalação será guiada pela proximidade e parceria com indústrias.

Silva explica que, sob orientação do governo, o BNDES quer usar o crédito para estimular a abertura de vagas em instituições técnicas privadas ou de caráter patronal para suprir a demanda crescente de qualificação de mão de obra técnica que as instituições públicas não comportam. A ideia é ampliar o número de vagas que poderão beneficiar trabalhadores com as bolsas e os financiamentos previstos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), lançado pela presidente Dilma Rousseff no fim de 2011.

"Os institutos federais mais do que dobraram nos últimos anos, mas ainda não dão conta de uma demanda não atendida que existe atualmente. O Senai tem um papel importante nisso porque qualifica profissionais dos níveis mais básicos aos ligados à tecnologia que as empresas precisam desenvolver", justificou Silva.

Rodrigo Ximenes Secca, engenheiro da área social do BNDES, disse que a expansão do Senai também criará empregos para professores, instrutores e corpo técnico. Com o incentivo, a previsão é de aumento de até 50% no número de docentes da instituição.

Fonte: Site Todos pela Educação